sábado, 1 de dezembro de 2007

E lá fintei Kafka ...

Recebi em casa uma carta a comunicar-me uma dívida que tinha com uma instituição da administração pública.

Paguei através da banca on-line, mas como ia passar pela instituição decidi imprimir um comprovativo e deixar lá. Sei bem que essas coisas "informáticas" dão cabo da cabeça a muita gente dessa que adora coleccionar papéis e achei que com o comprovativo matava-se logo o assunto.

Entreguei a carta e o comprovativo no guichet da tesouraria e comecei por ver a senhora a questionar o computador, como este não lhe dava a resposta desejada ela começou a remoer o papel, virava-o e reviráva-o para ver se lhe aparecia a solução, mas quanto mais fitava o papel, menos sabia para onde se virar.

Eu que já estava apertado de tempo, comecei a ficar um bocado aborrecido com a situação.

A senhora decidiu invocar a sua salvação e dirigiu-se ao "chefe". Este lá olhou para o papel, levantou o sobrolho e fez uma pergunta, inádivel para mim, mas que teve repercução no resto da secção. Outra senhora lá se acusou e disse-lhe qualquer coisa. A senhora a quem entreguei o papel originalmente veio falar comigo a dizer que eram só mais dez minutinhos que se iria alterar a nota de dívida.
- Alterar a nota? Mas o que se passa?!?
- Ah, uh ... é que quando se inseriu a nota no computador ela ficou com o mesmo nome do da nota anterior, por isso não a encontrávamos no sistema...



Quer dizer que se eu não tivesse pago a dívida haveria um desgraçado qualquer a quem iriam chatear para o resto da vida para ele pagar uma dívida, a que ele naturalmente responderia que já tinha pago (a da linha de cima) ... e depois o estado penhorava-lhe a casa, o carro e as cuecas para cobrar um erro idiota de copy-&-paste.


PS: Não os mandei dar nenhuma volta, mas eu vim-me embora, espero agora pelo recibo na volta do correio
PS2: N'O Processo de Franz Kafka, um homem é processado e engolido nos meandros de um sistema jurídico sem que nunca saiba do que é acusado.

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